26/09/2014
(PARTE 2) MEU FILHO
Já
que comecei a falar do meu filho (na PARTE 1), resolvi escrever uma parte dessa
história...
Meu
filho mudou muito a minha vida, quando soube que seria pai eu tinha apenas 17
anos, foi uma barra, eu estava cheio de planos e acabei vendo minha vida mudar
completamente, eu não tinha um relacionamento firme com a moça, mas gostava
muito dela, com a gravidez, queríamos ficar juntos, mas eu não tinha grana, não
dava para comprar aquela briga, então eu era casado só de final de semana sabe?
... Durante a semana cada um na sua casa, meu filho claro ficava com ela, a
noite eu sempre estava lá, mas sempre voltava para casa para dormir. Aos finais
de semana ela vinha para a casa da minha mãe com meu filho, ai tínhamos uma
vida quase de casados, como gostam de dizer. Ela até que aguentou por bastante
tempo essa situação, mas uma hora as coisas chegam no seu limite né, já
tínhamos uns quatro anos nessa situação, lembro que no último ano eu estava
fazendo o curso técnico já, então ela resolveu sair da casa dos pais, ela tinha
tido uma briga com ele e arrumou um canto para morar, perguntou se eu iria com
ela. Nós estávamos brigando muito, sempre tivemos muitas brigas na verdade, mas
a relação estava bem desgastada também, porem, aqueles anos todos sempre me
senti como se tivesse vivendo em uma bomba relógio, ela tinha seis anos a mais
que eu, e eu sempre estava tentando chegar em uma condição financeira que desse
pra alugar uma casa e dar sustento para nós ... Uma vida normal sabe... Enfim,
eu acabei dizendo que iria morar com ela sim ... Na verdade era o certo a se
fazer, e era o que eu estava querendo fazer há anos afinal... O problema que eu
estava desempregado, e o lugar que eu fui morar realmente era bem simples, na
verdade era o fundo de uma casa, mas não uma edícula, uma lavanderia, sim eu
morei em uma lavanderia, o sofá era de cimento, que no caso era a cama também,
a pia era um tanque de lavar roupa, o telhado era aquela telha cinza sabe...
Mas eu estava feliz, consegui um emprego de vendedor e um bico de garçom com
uma amiga que tinha começado a trabalhar em uma agência de empregos, finalmente
estava sentindo que nós éramos uma família. Só que lembra das brigas e do
relacionamento desgastado? ... Então, não adiantou nada, acabamos tendo brigas
quase diárias, sinceramente eu nem lembro mais os motivos das brigas. Com uns
três meses conseguimos alugar outro lugar, aí sim uma edícula (risos). No
começo deu uma renovada sabe ... Uma nova casa, mais com cara de casa, eu
trabalhando e ela também, enfim, uma vida simples, mas agradável, mas isso também
durou pouco, em algumas semanas começamos a nos desentender novamente. Uma coisa
que sei que comprometeu a relação naquele momento foi minha entrada na
faculdade, nós mal conseguíamos nos ver, eu trabalhava de segunda a sábado na
loja como vendedor, ela também, e, a noite eu ia para a faculdade, pior, sábado
à noite eu trabalhava como garçom, só sobrou o domingo, isso eu lembro que
atrapalhou no final da relação. Um dia tivemos uma briga feia, muito feia,
então ela me deu uma semana para eu sair de casa. Até aí sem problemas, eu também
já tinha entendido que não dava mais, a questão era aonde eu iria morar...
Voltar para minha mãe nem pensar, estávamos brigados e ela não queria meu
retorno. Então entrou meu melhor amigo na história, com duas semanas ele arrumou
uma casa para eu morar... Como? ... Simples: uma amiga dele estava com a casa
fechada, em um morro, uma comunidade como dizemos hoje em dia, ela estava
esperando esses prédios de conjuntos habitacionais sabe? ... Então por duzentos
reais, ela me alugou a casa. Meu amigo foi tão meu amigo que foi até morar
comigo acredita? ... Lembro que fui muito ajudado por meus amigos naquela
época.
A
casa não era tão ruim, já tinha até alguma mobília, só precisei comprar uma
espécie de bomba d’agua para trazer água pra casa, vivia acabando, também tinha
a geladeira, tinha que colocar um tal de gás para faze-la funcionar ... Como a
coisa estava feia, resolvi vender a minha aliança. Esse foi realmente o dinheiro
mais mal gasto da minha vida. Primeiro por que o casamento não deu certo,
depois por que a bomba queimou e a geladeira continuou há não funcionar. Eu
acho que aquela casa era assombrada, não é possível ... (risos).
Graças
a Deus fiquei apenas uns dois meses lá... Acabei fazendo as pazes com a minha mãe
e fui “voltando” para casa dela. Primeiro ela mandou eu levar as roupas para
lavar ... Depois comecei a jantar lá ... Aí dormi ... Aí já era ... (risos).
Engraçado
que minha relação com minha mãe hoje é muito melhor do que antes de eu sair de
casa, ela nunca me jogou na cara o fato de ter me recebido novamente ou algo do
tipo.
Sobre
o fim do relacionamento, a única coisa que ficou registrada na minha cabeça foi
ela dizendo que queria um homem de verdade, e que eu não deveria ter entrado na
faculdade, mas sinceramente, sem mágoas, a felicidade dela é a felicidade do
meu filho, o sentimento por ela hoje não é de amizade, tá mais para um “não
espero seu mal”.
Depois
dessa fase, tivemos alguns problemas com as visitas, mas depois resolvemos, na
primeira fase eu sempre estava com meu filho nos finais de semana, depois
fiquei uns dois meses sem ver meu filho. Quando resolvemos, ficou acordado a
cada duas semanas, mais as férias, tudo bem até aí, o problema é que depois a mãe
do meu filho se casou novamente e um pouco depois resolveram morar em outra
cidade, umas três horas e meia de distância aproximadamente.
Complicou
pra mim viu ... Para um pai que pensava até em guarda compartilhada no futuro,
ver seu filho ficar tão longe de você foi triste viu ... Ainda mais em uma
época que eu ainda estava mal de grana... Não dava para querer viajar duas
vezes por mês, pagar um hotel e passear com o filho, então sobravam as férias e
as visitas que a mãe dele vinha fazer aos parentes.
Tem
mais uma coisa ruim que aconteceu relacionado ao meu filho, mas essa história
vou deixar mais pra frente.
Agora
vou contar a parte boa dá história, (risos)
A
primeira coisa que eu posso dizer é que meu filho me salvou, se meu filho não
tivesse nascido naquela época, talvez eu me tornasse uma outra pessoa, acho que
o nascimento do meu filho me trouxe um pouco mais de maturidade, e me impediu
de continuar agindo como um moleque em alguns setores da minha vida, claro que
não sou a pessoa mais madura do mundo, mas acho que ajudou sim.
A
outra coisa está no fato de minha família que é tão pequena ter aumentado... Agora
entenda isso com mais profundidade. A chegada do meu filho me mostrou uma coisa
que eu não conhecia, amar alguém do nada, sem nem se quer ter saído da barriga
da mãe ainda, e eu já amava, eu amava pegar ele com uma mão só, amava o cheiro
dele, amava o sorriso dele, depois que ele cresceu mais um pouco, amava cantar
na sala, com os microfones de mentirinha, girando pela sala e cantando um DVD
de um musical qualquer, tem uma música que eu cantava para ele que até hoje ele
canta, mais ou menos assim:
“Aos
braços do Pai, você é uma obra prima que ele desenhou, com suas próprias mãos
pintou, a cor de sua pele, os seus cabelos, desenhou cada detalhe, num toque de
amor ... Nunca deixa alguém dizer, que não é querida, antes de você nascer,
Deus sonhou com você...” E aí vai ... (risos).
Meu
filho me deu forças, eu queria provar coisas para mim e para os outros, sim,
mas sempre pensei que queria dar o melhor para ele, ele me ajudou a buscar
mais. Lembro que em um concurso público, tinha após a fase da prova escrita um
teste físico, corri, nadei, abdominal ... Chegou na hora de fazer o exercício
de barra, tinha que fazer dez flexões na barra, eu lembro que antes de começar
a fazer o exercício eu pensava só no meu filho, no que poderia melhorar se eu
conseguisse. Fui fazer a barra, lembro que a última que consegui fazer, já com
meus braços travando, na metade do caminho sabe ... Me veio ele novamente,
quase como se eu tivesse que fazer aquilo por ele, ou tivesse pedindo desculpas
por que não iria conseguir.
Eu
lembro de prestar concursos e pensar que com aquele salário eu poderia ir
visitar mais meu filho e tal...
Sabe
o que eu mais gosto? As vezes chego cansado do trabalho ou estou deprimido, de
repente minha mãe liga para ele, me chama para falar com ele, quando eu escuto
a voz dele é tão gostoso, parece que por alguns minutos os problemas
simplesmente somem.
Uma coisa que dou graças a Deus é que meu
filho não necessita de muito, no sentido material, para satisfaze-lo, e outra,
ele não é uma criança enjoada sabe? Um dia desses falei para ele que estava
juntando umas moedas para ele em um cofrinho que tem lá em casa, pô todo
dinheiro é bem-vindo né? Sabe o que ele disse? Não pai não precisa não, você
vai casar precisa do dinheiro pra festa... Aí sim né ... (risos)
A coisa que eu mais incentivo ele é com os
estudos, sempre tento conversar com ele sobre a diferença que faz estudar...
Tomara que ele aceite meu conselho ...
Mais
depois eu volto nesse assunto, tem muito mais coisa nessa história, pode
acreditar ... (risos)
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