11/09/2014
INTRODUÇÃO/CONTEXTUALIZAÇÃO
Sempre
achei que tivesse algo errado na minha vida, mas por mais incrível que possa
parecer, sempre me senti especial de alguma maneira.
Essas
duas impressões sempre me levaram de um lado para outro quando o assunto é
crença, confiança ou simplesmente os aspectos emocionais que sempre me afetaram
muito em toda minha vida.
Passei
por bastante coisa, boas e más experiências, mas sempre vi isso como um sinal
de crescimento.
Nesses
meus 28 anos enfrentei problemas: amorosos (como uma separação), profissionais,
familiares, financeiros, perda de entes queridos, acidentes de moto.... Tive
que lutar muito para conseguir me recuperar dos tropeços ou ciladas da vida,
mesmo as que eu mesmo gerei.
Criei
e recriei planos, me reinventei uma dúzia de vezes e isso foi me levando a
conquistas que puderam fazer com que eu me sentisse valorizado novamente e,
principalmente, voltasse a fazer grandes planos.
O
estudo foi o meu socorro, aos 21 anos resolvi mudar mais uma vez, uma força
dentro de mim me disse naquele momento que eu precisaria mudar e que estudar
seria a solução para atingir as metas que eu já estava quase dando como perdidas.
Foi
então que eu percorri um caminho de anos, fazendo o curso técnico, a graduação,
a pós-graduação e, nesse último ano, o mestrado (o qual ainda preciso concluir
com a entrega da dissertação). Durante todo esse período sempre estava com
novos planos traçados em paralelo, o principal deles na época da graduação era
passar em um concurso público.
Porém,
sempre estava olhando para o depois, quando fui convocado no primeiro concurso
já queria o próximo logo depois e já me programava financeiramente para fazer
uma boa pós graduação, e foi o que ocorreu.
No
final da faculdade também já estava em um processo seletivo para o cargo de
professor, mais um dos meus planos de realização que deu certo.
No
último mês de faculdade fui convocado para trabalhar em um ótimo concurso, era
o que faltava, era a certeza de mais prosperidade e a confirmação que eu iria
ter condições de fazer a pós graduação sem ter dificuldades financeiras.
Contudo,
nessa trajetória, justamente no início da minha admissão nesse novo concurso,
logo após terminar a faculdade (dezembro/2011 - 26 anos) que me deparei com um
novo obstáculo. Inicialmente aparentava apenas uma perda de confiança em mim,
relacionado as novas tarefas que me eram ensinadas nesse novo emprego, mas não
era só isso. Dias depois começou uma angustia muito forte misturado ao medo de
executar as tarefas, que se agigantavam diante de mim, então percebi que estava
fora de controle e tinha que procurar ajuda.
Tentei agir rápido, não queria ficar naquela condição por muito tempo, marquei o médico psiquiatra, que rapidamente me diagnosticou com segundo ele “um distúrbio depressivo”.
Tentei agir rápido, não queria ficar naquela condição por muito tempo, marquei o médico psiquiatra, que rapidamente me diagnosticou com segundo ele “um distúrbio depressivo”.
Lembro
de ter perguntado para ele umas três vezes a mesma coisa, não queria estar com
depressão, mas era um fato, eu estava. Logo comecei a tomar um antipressivo e a
fazer terapia duas vezes por semana, além disso frequentei uma igreja
evangélica e um centro espírita, sim, isso mesmo.
Rapidamente comecei a me sentir melhor, coisa de dois ou três meses, com isso acabei me inscrevendo na pós graduação e fui dar as aulas que eu tanto queria.
Rapidamente comecei a me sentir melhor, coisa de dois ou três meses, com isso acabei me inscrevendo na pós graduação e fui dar as aulas que eu tanto queria.
Eu
não me sentia confortável em tomar a medicação, então logo que me senti
“recuperado” larguei a medicação. Porém, poucos meses depois (Novembro/2012) em uma viagem a
trabalho para Curitiba, tive novamente fortes sintomas de angustia, estava com
minha nova namorada naquela viagem, atual noiva, lembro que não tinha razão
alguma para estar naquele estado, por isso mesmo resolvi retornar a medicação e
procurar novamente o médico psiquiatra. Novamente consegui me recuperar em
pouco tempo das angustias e abandonei (mais uma vez) a medicação aproximadamente um mês
depois.
Esses
acontecimentos ocorreram algumas vezes durante os períodos seguintes, mas eu
sempre interrompia o tratamento da medicação, apenas segui com a terapia.
Em
julho de 2013 foi a última vez que fui ao médico psiquiatra naquele ano, eu
estava iniciando o mestrado e não queria continuar tendo oscilações, ainda que
pequenas, não queria arriscar, estava com medo de não dar conta do compromisso
assumido, inclusive larguei as aulas para me dedicar mais ao mestrado. Ele me
medicou novamente e novamente eu larguei a medicação semanas depois.
Contudo,
no que se refere a depressão, foi um semestre bom, o mestrado até aquele
momento tinha me deixado mais forte, tinha comprado a “briga” e estava
ganhando, aparentemente.
O
primeiro indício que as coisas não estavam tão boas como eu imaginava ocorreu
próximo ao final de 2013. Apesar de não sentir depressão, estava bem mais
cansado e irritado. Acabei tirando férias em fevereiro de 2014, justamente para
descansar um pouco uma vez que não acumularia o trabalho e o mestrado, porém
não tinha a intenção de viajar e relaxar, apenas queria poder me dedicar ao
mestrado sem comprometer as coisas.
Não
deu certo, “travei” com a atividade que tinha que entregar no mestrado, ela se
agigantou como no passado quando entrei no novo concurso e para piorar, as
angustias voltaram, o mais interessante é que foi justamente quando tive mais
tempo livre e estava um pouco menos sobre pressão que “cai” novamente. Por mais
incrível que pareça, consegui sair dessa sem tomar remédios. As atividades não
consegui fazer completamente, mas fui ajudado por um colega de classe, o que me
deixou bem incomodado, foi minha pior nota no mestrado, mas ao menos tinha
sobrevivido aquilo tudo.
Dois
meses depois, quando já estava cursando as últimas duas disciplinas, estava
entrando em uma outra fase, a de stress, uma das disciplinas era ótima, mas
aumentava meu senso crítico, o que claro é ótimo, mas me fez repensar bastante
e me deixar mais descontente com meu trabalho, a outra era extremamente chata,
fiz forçado e ai começou um novo problema, nessa fase tinha que entregar o TCC
da Pós graduação também, então comecei a me sentir muito pressionado pelas
tarefas que eu tinha que cumprir. Consegui finalizar a matéria que eu gostava e
entregar o TCC da pós, mas a disciplina que eu não gostava, eu teria que
entregar um artigo com uma qualidade bem superior aos anteriores para ser
aprovado, o prazo era muito bom, dois meses, eu já nem precisava ir para as
aulas, era só enviar pelo sistema da faculdade.
Então
começou mais um problema, eu travei, mas não no sentido de não dar conta e sim
no fato do meu corpo e minha mente não quererem fazer mais nada, Eu começava o
dia com esperança de que quando chegasse em casa conseguiria entrar no
artigo, mas isso nunca acontecia. Nesse meio tempo fui ao neurologista fazer um
exame, fui reclamando de insônia, meu gerente estava me pressionando para eu
não chegar atrasado no serviço. O médico me deu um remédio para irritação e stress, foi bem útil, melhorou meu humor, o meu animo, mas não me impediu de continuar com os atrasos no
trabalho nem me animou a ponto de fazer o artigo do mestrado.
Resolvi,
por indicação do próprio neurologista, a retornar ao psiquiatra e iniciar um
tratamento, lembro-me dele dizer que eu precisava mudar hábitos, encontrar
coisas que eu gostasse de fazer, achar uma “válvula de escape”.
Fui
embora da consulta pensando que não iria ao médico, mas isso mudou, quando eu
vi que mesmo mais bem humorado e calmo não iria fazer o artigo, acabei ficando
deprimido e resolvi ir a uma consulta novamente (julho 2014), isso um ano
depois da minha última consulta.
O
médico me receitou um outro antidepressivo, lembro que na bula dizia que era
pra perda de interesse em atividades do cotidiano, lembro também de comentar
com ele sobre a insônia, ele me receitou um calmante, agora o mais
interessante, o meu problema de perda de interesse e o meu problema de
distúrbio no sono, segundo o psiquiatra eram sintomas da depressão.
Foi
aí, lendo um pouco mais, que percebi que a depressão não é somente estar
angustiado ou deprimido, existem outros fatores que caminham junto com esses
sintomas, refletindo, cheguei a conclusão que eu poderia ter evitado algumas
coisas se tivesse dado continuidade ao tratamento desde seu início.
O
fato é que depois veio a “prova real”, semanas depois retornei ao médico
estando muito mal, bem fora de sentido, digamos em um nível alto de depressão,
tinha tido um desentendimento com meu chefe e vi meu "chão caindo", ele me deu
quatro dias de atestado, os dois primeiros eu só fiquei deitado em casa, nem
tomava banho, depois meu humor foi melhorando, muito por conta do meu filho
estar passando férias na minha casa. Enfim, passaram-se os quatro dias e mais o
final de semana, e então eu retornei ao trabalho.
Pois bem, naquele dia coloquei mais um problema na minha lista, eu passei mal, ficava meio tenso ou nervoso quando via meu chefe (nada contra ele), até que teve um momento que comecei a ter falta de ar, tontura, formigamento nos braços, na face. Acabei indo ao pronto socorro, achando que estava tendo uma parada cardíaca.
Pois bem, naquele dia coloquei mais um problema na minha lista, eu passei mal, ficava meio tenso ou nervoso quando via meu chefe (nada contra ele), até que teve um momento que comecei a ter falta de ar, tontura, formigamento nos braços, na face. Acabei indo ao pronto socorro, achando que estava tendo uma parada cardíaca.
Não
era isso, assim que o enfermeiro mediu minha pressão já me informou que eu
estava tendo uma crise de ansiedade, o que foi confirmada pela médica que me
atendeu. Peguei um atestado e fui para casa, preocupado com a novidade, marquei
outra consulta com o psiquiatra, que me receitou um ansiolítico, depois desse
episódio, mesmo tomando remédio, já tive diversos momentos desse tipo, só que
mais fracos, além do remédio, o fato de eu saber o que estava acontecendo me
ajudou a tentar me controlar.
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