terça-feira, 23 de setembro de 2014

INTRODUÇÃO/CONTEXTUALIZAÇÃO (11/09/2014)



11/09/2014

INTRODUÇÃO/CONTEXTUALIZAÇÃO



Sempre achei que tivesse algo errado na minha vida, mas por mais incrível que possa parecer, sempre me senti especial de alguma maneira.
Essas duas impressões sempre me levaram de um lado para outro quando o assunto é crença, confiança ou simplesmente os aspectos emocionais que sempre me afetaram muito em toda minha vida.
Passei por bastante coisa, boas e más experiências, mas sempre vi isso como um sinal de crescimento.
Nesses meus 28 anos enfrentei problemas: amorosos (como uma separação), profissionais, familiares, financeiros, perda de entes queridos, acidentes de moto.... Tive que lutar muito para conseguir me recuperar dos tropeços ou ciladas da vida, mesmo as que eu mesmo gerei.
Criei e recriei planos, me reinventei uma dúzia de vezes e isso foi me levando a conquistas que puderam fazer com que eu me sentisse valorizado novamente e, principalmente, voltasse a fazer grandes planos.
O estudo foi o meu socorro, aos 21 anos resolvi mudar mais uma vez, uma força dentro de mim me disse naquele momento que eu precisaria mudar e que estudar seria a solução para atingir as metas que eu já estava quase dando como perdidas.



Foi então que eu percorri um caminho de anos, fazendo o curso técnico, a graduação, a pós-graduação e, nesse último ano, o mestrado (o qual ainda preciso concluir com a entrega da dissertação). Durante todo esse período sempre estava com novos planos traçados em paralelo, o principal deles na época da graduação era passar em um concurso público.
Porém, sempre estava olhando para o depois, quando fui convocado no primeiro concurso já queria o próximo logo depois e já me programava financeiramente para fazer uma boa pós graduação, e foi o que ocorreu.
No final da faculdade também já estava em um processo seletivo para o cargo de professor, mais um dos meus planos de realização que deu certo.
No último mês de faculdade fui convocado para trabalhar em um ótimo concurso, era o que faltava, era a certeza de mais prosperidade e a confirmação que eu iria ter condições de fazer a pós graduação sem ter dificuldades financeiras.
Contudo, nessa trajetória, justamente no início da minha admissão nesse novo concurso, logo após terminar a faculdade (dezembro/2011 - 26 anos) que me deparei com um novo obstáculo. Inicialmente aparentava apenas uma perda de confiança em mim, relacionado as novas tarefas que me eram ensinadas nesse novo emprego, mas não era só isso. Dias depois começou uma angustia muito forte misturado ao medo de executar as tarefas, que se agigantavam diante de mim, então percebi que estava fora de controle e tinha que procurar ajuda. 
Tentei agir rápido, não queria ficar naquela condição por muito tempo, marquei o médico psiquiatra, que rapidamente me diagnosticou com segundo ele “um distúrbio depressivo”.
Lembro de ter perguntado para ele umas três vezes a mesma coisa, não queria estar com depressão, mas era um fato, eu estava. Logo comecei a tomar um antipressivo e a fazer terapia duas vezes por semana, além disso frequentei uma igreja evangélica e um centro espírita, sim, isso mesmo. 
Rapidamente comecei a me sentir melhor, coisa de dois ou três meses, com isso acabei me inscrevendo na pós graduação e fui dar as aulas que eu tanto queria.
Eu não me sentia confortável em tomar a medicação, então logo que me senti “recuperado” larguei a medicação. Porém, poucos meses depois (Novembro/2012) em uma viagem a trabalho para Curitiba, tive novamente fortes sintomas de angustia, estava com minha nova namorada naquela viagem, atual noiva, lembro que não tinha razão alguma para estar naquele estado, por isso mesmo resolvi retornar a medicação e procurar novamente o médico psiquiatra. Novamente consegui me recuperar em pouco tempo das angustias e abandonei (mais uma vez) a medicação aproximadamente um mês depois.
Esses acontecimentos ocorreram algumas vezes durante os períodos seguintes, mas eu sempre interrompia o tratamento da medicação, apenas segui com a terapia.
Em julho de 2013 foi a última vez que fui ao médico psiquiatra naquele ano, eu estava iniciando o mestrado e não queria continuar tendo oscilações, ainda que pequenas, não queria arriscar, estava com medo de não dar conta do compromisso assumido, inclusive larguei as aulas para me dedicar mais ao mestrado. Ele me medicou novamente e novamente eu larguei a medicação semanas depois.
Contudo, no que se refere a depressão, foi um semestre bom, o mestrado até aquele momento tinha me deixado mais forte, tinha comprado a “briga” e estava ganhando, aparentemente.
O primeiro indício que as coisas não estavam tão boas como eu imaginava ocorreu próximo ao final de 2013. Apesar de não sentir depressão, estava bem mais cansado e irritado. Acabei tirando férias em fevereiro de 2014, justamente para descansar um pouco uma vez que não acumularia o trabalho e o mestrado, porém não tinha a intenção de viajar e relaxar, apenas queria poder me dedicar ao mestrado sem comprometer as coisas.
Não deu certo, “travei” com a atividade que tinha que entregar no mestrado, ela se agigantou como no passado quando entrei no novo concurso e para piorar, as angustias voltaram, o mais interessante é que foi justamente quando tive mais tempo livre e estava um pouco menos sobre pressão que “cai” novamente. Por mais incrível que pareça, consegui sair dessa sem tomar remédios. As atividades não consegui fazer completamente, mas fui ajudado por um colega de classe, o que me deixou bem incomodado, foi minha pior nota no mestrado, mas ao menos tinha sobrevivido aquilo tudo.
Dois meses depois, quando já estava cursando as últimas duas disciplinas, estava entrando em uma outra fase, a de stress, uma das disciplinas era ótima, mas aumentava meu senso crítico, o que claro é ótimo, mas me fez repensar bastante e me deixar mais descontente com meu trabalho, a outra era extremamente chata, fiz forçado e ai começou um novo problema, nessa fase tinha que entregar o TCC da Pós graduação também, então comecei a me sentir muito pressionado pelas tarefas que eu tinha que cumprir. Consegui finalizar a matéria que eu gostava e entregar o TCC da pós, mas a disciplina que eu não gostava, eu teria que entregar um artigo com uma qualidade bem superior aos anteriores para ser aprovado, o prazo era muito bom, dois meses, eu já nem precisava ir para as aulas, era só enviar pelo sistema da faculdade.
Então começou mais um problema, eu travei, mas não no sentido de não dar conta e sim no fato do meu corpo e minha mente não quererem fazer mais nada, Eu começava o dia com esperança de que quando chegasse em casa conseguiria entrar no artigo, mas isso nunca acontecia. Nesse meio tempo fui ao neurologista fazer um exame, fui reclamando de insônia, meu gerente estava me pressionando para eu não chegar atrasado no serviço. O médico me deu um remédio para irritação e stress, foi bem útil, melhorou meu humor, o meu animo, mas não me impediu de continuar com os atrasos no trabalho nem me animou a ponto de fazer o artigo do mestrado.
Resolvi, por indicação do próprio neurologista, a retornar ao psiquiatra e iniciar um tratamento, lembro-me dele dizer que eu precisava mudar hábitos, encontrar coisas que eu gostasse de fazer, achar uma “válvula de escape”.
Fui embora da consulta pensando que não iria ao médico, mas isso mudou, quando eu vi que mesmo mais bem humorado e calmo não iria fazer o artigo, acabei ficando deprimido e resolvi ir a uma consulta novamente (julho 2014), isso um ano depois da minha última consulta.
O médico me receitou um outro antidepressivo, lembro que na bula dizia que era pra perda de interesse em atividades do cotidiano, lembro também de comentar com ele sobre a insônia, ele me receitou um calmante, agora o mais interessante, o meu problema de perda de interesse e o meu problema de distúrbio no sono, segundo o psiquiatra eram sintomas da depressão.
Foi aí, lendo um pouco mais, que percebi que a depressão não é somente estar angustiado ou deprimido, existem outros fatores que caminham junto com esses sintomas, refletindo, cheguei a conclusão que eu poderia ter evitado algumas coisas se tivesse dado continuidade ao tratamento desde seu início.
O fato é que depois veio a “prova real”, semanas depois retornei ao médico estando muito mal, bem fora de sentido, digamos em um nível alto de depressão, tinha tido um desentendimento com meu chefe e vi meu "chão caindo", ele me deu quatro dias de atestado, os dois primeiros eu só fiquei deitado em casa, nem tomava banho, depois meu humor foi melhorando, muito por conta do meu filho estar passando férias na minha casa. Enfim, passaram-se os quatro dias e mais o final de semana, e então eu retornei ao trabalho.
Pois bem, naquele dia coloquei mais um problema na minha lista, eu passei mal, ficava meio tenso ou nervoso quando via meu chefe (nada contra ele), até que teve um momento que comecei a ter falta de ar, tontura, formigamento nos braços, na face. Acabei indo ao pronto socorro, achando que estava tendo uma parada cardíaca.
Não era isso, assim que o enfermeiro mediu minha pressão já me informou que eu estava tendo uma crise de ansiedade, o que foi confirmada pela médica que me atendeu. Peguei um atestado e fui para casa, preocupado com a novidade, marquei outra consulta com o psiquiatra, que me receitou um ansiolítico, depois desse episódio, mesmo tomando remédio, já tive diversos momentos desse tipo, só que mais fracos, além do remédio, o fato de eu saber o que estava acontecendo me ajudou a tentar me controlar.

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