sexta-feira, 24 de outubro de 2014

24/10/2014 MINHA VIDA ESTÁ ME ESPERANDO



Agora são 16:35 da tarde, acordei quase 13:00 horas da tarde, tinha terapia, mas ontem a noite cancelei, porque minha moto está quebrada e não estava com animo nenhum de fazer nada.
Logo que acordei fui almoçar, depois vim para o computador e escrevi o dia 23 e fiz uma rápida divulgação do blog.
Uma coisa que percebi ontem foi que fumei um maço de cigarro em 12 horas, acho que nem em um barzinho no final de semana eu já fumei tanto em tão pouco tempo.
Sim, hoje está sendo mais um dia melancólico e sem qualquer ânimo, acho que por isso vim escrever, para me distrair um pouco...
Não vou a academia, não irei sair mais tarde, eu realmente não quero fazer nada. Uma parte de mim pensa em reagir, mas não tem forças suficientes nesse momento, mas e daí né... Daqui a pouco lá vou eu me animando novamente, fazendo planos e até colocando alguma coisa em prática, para alguns dias depois eu voltar a ficar nesse estado ou ter crises de ansiedade.
 Acho que saber que provavelmente isso ocorrerá já me tira ainda mais as forças para buscar uma reação, aliás não preciso fazer nada, minha natureza daqui a “pouquinho” tomará conta das coisas e eu naturalmente irei reagir, até que novamente eu caia novamente.
Estava aqui pensando, antes de escrever esse texto, minha vida está aberta a grandes realizações, tenho a possibilidade de em breve casar e constituir a família que sempre sonhei, tem as aulas que agora tenho chance de começar a dar novamente a partir do ano que vem, tem o mestrado que poderia estar fazendo um trabalho apaixonante e que me daria um título que me ajudaria a me estabilizar como professor universitário, tenho um emprego que não é dos piores... É como se minha vida as vezes me perguntasse, e aí Felipe? Não vai viver não?...
O problema é que eu bem que gostaria, viver plenamente, ter sim meus problemas, mas ter forças para superá-los... Gostaria de viver essa vida idealizada e que por um bom tempo tentei ir construindo, mas fui “pego” justamente pela ânsia em construir essa vida, onde eu seria extremamente realizado em todos os setores de minha vida.
Ontem minha mãe foi a uma palestra sobre ansiedade e depressão, quando ela retornou eu perguntei se tinha “alguma coisa para mim”, um comentário, uma observação... Ela disse que a palestra retratou as mesmas coisas... E que um dos palestrantes comentou que a pessoa com esses diagnósticos tem que buscar reagir, ter forças para superar os problemas...
Então está ai um verdadeiro paradoxo, uso o meu caso como exemplo, quando não estava com esse diagnóstico eu passei por diversos problemas, muitos já comentados aqui no blog, como minha condição financeira quando me separei ou o caso da minha filha... Naquelas ocasiões eu logicamente me abalei, sofri, chorei... Mas não tive em nenhum momento qualquer sintoma de depressão, e sim, consegui ter essa força para reagir e superar as adversidades.
Pois bem, justamente agora que não tenho tantos problemas e estou com depressão é que não consigo ter essa tal força para superar ou reagir... Ou seja, será que adianta pedir para alguém que está com um diagnóstico de depressão tentar reagir?... No meu entendimento pode até ajudar, mas não vejo como a principal fraqueza do indivíduo nessa condição possa ser aconselhada justamente “agindo”, porque no caso, ele não consegue principalmente “agir”, ou seja, a complexidade da depressão faz com que palavras de apoio ou aconselhamentos, que muitas vezes são validos e até mesmo parcialmente ou momentaneamente utilizadas pela pessoa com depressão, percam sua eficácia ou estejam muito distantes do “ótimo”.
 Não tenho uma opinião formada quanto ao que se deve fazer de fato para sair desse estado, por enquanto só pude perceber que um “conjunto de forças” pode contribuir para uma recuperação, mas que mesmo assim não significa cura total, ou seja, poderá ocorrer recaídas.
Esse conjunto de forças no meu modesto entendimento, se dá por um conjunto de ações que o “depressivo” poderá tentar desempenhar para buscar alguma melhoria, que vão desde a medicação, que hoje eu acredito que sim, seja parte fundamental no tratamento, principalmente para estabilizar o indivíduo, o que também não é garantia que ocorrerá imediatamente tendo em vista que o diagnostico terá de ser o correto, assim como a dosagem, e ainda, o próprio medicamento poderá ter que ser substituído por um outro (ao menos no meu caso aconteceu isso) dependendo das reações e respostas, o que faz com que o acompanhamento deva ser sempre a curto prazo, constante.
Quanto a esse primeiro princípio, existe um outro conflito, que geralmente poderá se dar inicialmente, o fato que o indivíduo que acaba de receber o diagnóstico poderá não “aceitar” essa condição, e como forma de repudiar sua condição, não fará uso da medicação, ou ainda, logo que observar que está mais estável, poderá optar por abandonar o tratamento, o que poderá ocorrer por razões diversas, que vão desde de suas crenças, como do tipo: eu estou melhor, daqui eu sigo com minhas forças, não me sinto confortável em utilizar medicação, ou até mesmo por entender que o problema não seja uma questão biológica/mental, mas sim que se trata de algo relacionado a sua vivencia religiosa ou espiritualista, ou seja, o indivíduo entende que seu tratamento não será através de medicação, e sim de religiosidade apenas (crença).
A questão é que a utilização adequada da medicação, dará ao indivíduo em determinado momento, as condições para que ele utilize as outras forças desse conjunto.
 Um outro componente desse conjunto se dá pela psicoterapia, que a curto prazo não demonstra a meu ver, inicialmente bons resultados no que se refere a depressão, mas representa para o indivíduo uma fonte que possibilita com que este possa narrar os fatos cotidianos e com isso possa liberar suas percepções e produzir reflexões sobre seu real momento, o que acaba sendo benéfico, pois faz com que o diagnosticado consiga perceber algumas características e fatos que possam tê-lo levado a condição atual. Contudo, a psicoterapia demonstra maiores resultados no médio e longo prazo, tendo em vista que esse pode ser um “trabalho” difícil para o diagnosticado, além disso, ampliar a consciência não é sinônimo de modificações práticas, nem mesmo maior força interior para lidar com as adversidades, ao menos a princípio.
Contudo, a psicoterapia não será apenas um auxílio para a recuperação do indivíduo quanto a seu diagnóstico, com ela será possível abordar outros fatores do indivíduo que certamente trará uma melhor qualidade de vida para este.
Esses dois primeiros componentes desse conjunto de forças provavelmente sejam os mais aceitos, mas é preciso que se pense na depressão não apenas como uma doença, mas sim como um “reflexo condicional”, um estado de efeito e não de causa, por tanto, é possível que as outras forças que mencionarei sejam também importantes na tentativa de uma recuperação.
Em um relato de um diagnóstico de depressão, provavelmente sempre encontraremos a palavra ânimo, ou sua falta propriamente dita. Na busca da etimologia dessa palavra, em algum momento encontraremos a palavra alma.
 Então, nesse “ensaio teórico”, defendo a importância do indivíduo buscar seu “alimento”, mas o “alimento para sua alma”. A maneira que o diagnosticado fará uso desse componente dependerá de suas crenças e pré-disposições genéticas e de personalidade quanto a religiosidade. Estudos realizados por Koening (2005) demonstraram que no caso de adultos, 44% da religiosidade de um indivíduo pode ser atribuída a genética e 18% a influências ambientais.
Portanto, não cabe nesse “ensaio” a pretensão de apontar qual seria a melhor forma de o diagnosticado desenvolver sua religiosidade, mas tenho a pretensão sim, de ao menos supor que esse componente é favorável no tratamento quando vivenciado em conjunto com os outros fatores, além disso, estudos demonstram a importância por exemplo da meditação, que nos dias de hoje estão “desvinculadas” com filosofias ou grupos místicos, mas que demonstram eficácia no tratamento de doenças relacionadas com a depressão, como no caso da ansiedade. Cito a Scientific American (2014) em matéria relacionada a ansiedade: “meditação de atenção plena ajuda a se conscientizar da real proporção das ameaças que inquietam a mente”
Certamente, a meditação, a oração, ir a um culto religioso, etc.... Pode ao menos supor uma relação positiva no auxílio ao tratamento e deveria ser cada vez mais incentivada pelos profissionais que atuam no tratamento dessa doença, inclusive pelos profissionais que estão com o receituário em mãos.
Uma vez que o indivíduo passa a vivenciar esses componentes, poderá incluir outros, como por exemplo iniciar atividades físicas, contudo a modalidade também dependerá de cada indivíduo, com isso o “conjunto de fatores” é ampliado, o que poderá ocasionar melhora no nível de bem estar do indivíduo.
 Estudos demonstraram melhoras no quadro de idosas com esse diagnóstico, quando praticavam atividade física. Contudo, é importante mencionar que a prática de atividade física requer constância, por isso mesmo, esse início poderá ser postergado algumas ou diversas vezes, tendo em vista que o diagnosticado precisará manter um nível de estabilidade emocional tal que o mantenha nessa nova rotina, para posteriormente constatar os benefícios gerados. Ou seja, o indivíduo possivelmente não conseguirá absorver essa nova rotina estando em um quadro mais instável.
    
   CONTINUA....

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