Agora
são 16:35 da tarde, acordei quase 13:00 horas da tarde, tinha terapia, mas
ontem a noite cancelei, porque minha moto está quebrada e não estava com animo nenhum
de fazer nada.
Logo
que acordei fui almoçar, depois vim para o computador e escrevi o dia 23 e fiz
uma rápida divulgação do blog.
Uma
coisa que percebi ontem foi que fumei um maço de cigarro em 12 horas, acho que
nem em um barzinho no final de semana eu já fumei tanto em tão pouco tempo.
Sim,
hoje está sendo mais um dia melancólico e sem qualquer ânimo, acho que por isso vim escrever, para me distrair um pouco...
Não
vou a academia, não irei sair mais tarde, eu realmente não quero fazer nada.
Uma parte de mim pensa em reagir, mas não tem forças suficientes nesse momento,
mas e daí né... Daqui a pouco lá vou eu me animando novamente, fazendo planos e
até colocando alguma coisa em prática, para alguns dias depois eu voltar a
ficar nesse estado ou ter crises de ansiedade.
Acho que saber que provavelmente isso ocorrerá
já me tira ainda mais as forças para buscar uma reação, aliás não preciso fazer
nada, minha natureza daqui a “pouquinho” tomará conta das coisas e eu
naturalmente irei reagir, até que novamente eu caia novamente.
Estava
aqui pensando, antes de escrever esse texto, minha vida está aberta a grandes realizações,
tenho a possibilidade de em breve casar e constituir a família que sempre
sonhei, tem as aulas que agora tenho chance de começar a dar novamente a partir
do ano que vem, tem o mestrado que poderia estar fazendo um trabalho
apaixonante e que me daria um título que me ajudaria a me estabilizar como
professor universitário, tenho um emprego que não é dos piores... É como se
minha vida as vezes me perguntasse, e aí Felipe? Não vai viver não?...
O
problema é que eu bem que gostaria, viver plenamente, ter sim meus problemas,
mas ter forças para superá-los... Gostaria de viver essa vida idealizada e que
por um bom tempo tentei ir construindo, mas fui “pego” justamente pela ânsia em
construir essa vida, onde eu seria extremamente realizado em todos os setores
de minha vida.
Ontem
minha mãe foi a uma palestra sobre ansiedade e depressão, quando ela retornou
eu perguntei se tinha “alguma coisa para mim”, um comentário, uma observação...
Ela disse que a palestra retratou as mesmas coisas... E que um dos palestrantes
comentou que a pessoa com esses diagnósticos tem que buscar reagir, ter
forças para superar os problemas...
Então
está ai um verdadeiro paradoxo, uso o meu caso como exemplo, quando não estava
com esse diagnóstico eu passei por diversos problemas, muitos já comentados aqui
no blog, como minha condição financeira quando me separei ou o caso da minha
filha... Naquelas ocasiões eu logicamente me abalei, sofri, chorei... Mas não
tive em nenhum momento qualquer sintoma de depressão, e sim, consegui ter essa
força para reagir e superar as adversidades.
Pois
bem, justamente agora que não tenho tantos problemas e estou com depressão é
que não consigo ter essa tal força para superar ou reagir... Ou seja, será que
adianta pedir para alguém que está com um diagnóstico de depressão tentar reagir?... No meu entendimento pode até ajudar,
mas não vejo como a principal fraqueza do indivíduo nessa condição possa ser
aconselhada justamente “agindo”, porque no caso, ele não consegue principalmente
“agir”, ou seja, a complexidade da depressão faz com que palavras de apoio ou
aconselhamentos, que muitas vezes são validos e até mesmo parcialmente ou
momentaneamente utilizadas pela pessoa com depressão, percam sua eficácia ou estejam
muito distantes do “ótimo”.
Não tenho uma opinião formada quanto ao que se
deve fazer de fato para sair desse estado, por enquanto só pude perceber que um
“conjunto de forças” pode contribuir para uma recuperação, mas que mesmo assim
não significa cura total, ou seja, poderá ocorrer recaídas.
Esse
conjunto de forças no meu modesto entendimento, se dá por um conjunto de ações que
o “depressivo” poderá tentar desempenhar para buscar alguma melhoria, que vão
desde a medicação, que hoje eu acredito que sim, seja parte fundamental no
tratamento, principalmente para estabilizar o indivíduo, o que também não é
garantia que ocorrerá imediatamente tendo em vista que o diagnostico terá de
ser o correto, assim como a dosagem, e ainda, o próprio medicamento poderá ter
que ser substituído por um outro (ao menos no meu caso aconteceu isso)
dependendo das reações e respostas, o que faz com que o acompanhamento deva ser
sempre a curto prazo, constante.
Quanto
a esse primeiro princípio, existe um outro conflito, que geralmente poderá se
dar inicialmente, o fato que o indivíduo que acaba de receber o diagnóstico
poderá não “aceitar” essa condição, e como forma de repudiar sua condição, não
fará uso da medicação, ou ainda, logo que observar que está mais estável,
poderá optar por abandonar o tratamento, o que poderá ocorrer por razões
diversas, que vão desde de suas crenças, como do tipo: eu estou melhor, daqui
eu sigo com minhas forças, não me sinto confortável em utilizar medicação, ou
até mesmo por entender que o problema não seja uma questão biológica/mental, mas
sim que se trata de algo relacionado a sua vivencia religiosa ou
espiritualista, ou seja, o indivíduo entende que seu tratamento não será através
de medicação, e sim de religiosidade apenas (crença).
A
questão é que a utilização adequada da medicação, dará ao indivíduo em
determinado momento, as condições para que ele utilize as outras forças desse
conjunto.
Um outro componente desse conjunto se dá pela
psicoterapia, que a curto prazo não demonstra a meu ver, inicialmente bons
resultados no que se refere a depressão, mas representa para o indivíduo uma
fonte que possibilita com que este possa narrar os fatos cotidianos e com isso
possa liberar suas percepções e produzir reflexões sobre seu real momento, o
que acaba sendo benéfico, pois faz com que o diagnosticado consiga perceber
algumas características e fatos que possam tê-lo levado a condição atual.
Contudo, a psicoterapia demonstra maiores resultados no médio e longo prazo,
tendo em vista que esse pode ser um “trabalho” difícil para o diagnosticado,
além disso, ampliar a consciência não é sinônimo de modificações práticas, nem
mesmo maior força interior para lidar com as adversidades, ao menos a princípio.
Contudo,
a psicoterapia não será apenas um auxílio para a recuperação do indivíduo
quanto a seu diagnóstico, com ela será possível abordar outros fatores do indivíduo
que certamente trará uma melhor qualidade de vida para este.
Esses
dois primeiros componentes desse conjunto de forças provavelmente sejam os mais
aceitos, mas é preciso que se pense na depressão não apenas como uma doença, mas
sim como um “reflexo condicional”, um estado de efeito e não de causa, por
tanto, é possível que as outras forças que mencionarei sejam também importantes
na tentativa de uma recuperação.
Em
um relato de um diagnóstico de depressão, provavelmente sempre encontraremos a palavra
ânimo, ou sua falta propriamente dita. Na busca da etimologia dessa palavra, em
algum momento encontraremos a palavra alma.
Então, nesse “ensaio teórico”, defendo a importância
do indivíduo buscar seu “alimento”, mas o “alimento para sua alma”. A maneira
que o diagnosticado fará uso desse componente dependerá de suas crenças e pré-disposições
genéticas e de personalidade quanto a religiosidade. Estudos realizados por
Koening (2005) demonstraram que no caso de adultos, 44% da religiosidade de um indivíduo
pode ser atribuída a genética e 18% a influências ambientais.
Portanto,
não cabe nesse “ensaio” a pretensão de apontar qual seria a melhor forma de o
diagnosticado desenvolver sua religiosidade, mas tenho a pretensão sim, de ao
menos supor que esse componente é favorável no tratamento quando vivenciado em
conjunto com os outros fatores, além disso, estudos demonstram a importância por
exemplo da meditação, que nos dias de hoje estão “desvinculadas” com filosofias
ou grupos místicos, mas que demonstram eficácia no tratamento de doenças relacionadas
com a depressão, como no caso da ansiedade. Cito a Scientific American (2014) em
matéria relacionada a ansiedade: “meditação de atenção plena ajuda a se conscientizar
da real proporção das ameaças que inquietam a mente”
Certamente,
a meditação, a oração, ir a um culto religioso, etc.... Pode ao menos supor uma
relação positiva no auxílio ao tratamento e deveria ser cada vez mais
incentivada pelos profissionais que atuam no tratamento dessa doença, inclusive
pelos profissionais que estão com o receituário em mãos.
Uma
vez que o indivíduo passa a vivenciar esses componentes, poderá incluir outros,
como por exemplo iniciar atividades físicas, contudo a modalidade também dependerá
de cada indivíduo, com isso o “conjunto de fatores” é ampliado, o que poderá
ocasionar melhora no nível de bem estar do indivíduo.
Estudos demonstraram melhoras no quadro de
idosas com esse diagnóstico, quando praticavam atividade física. Contudo, é
importante mencionar que a prática de atividade física requer constância, por
isso mesmo, esse início poderá ser postergado algumas ou diversas vezes, tendo
em vista que o diagnosticado precisará manter um nível de estabilidade
emocional tal que o mantenha nessa nova rotina, para posteriormente constatar os
benefícios gerados. Ou seja, o indivíduo possivelmente não conseguirá absorver
essa nova rotina estando em um quadro mais instável.
CONTINUA....
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